José de Alencar, sobre a literatura:

"Palavra que inventa a multidão, inovação que adota o uso, caprichos que surgem no espírito do idiota inspirado".
Benção Paterna, 1872 - tem coisas que não mudam.




terça-feira, 26 de abril de 2011

Pílulas de Poesia

Essa semana vou postar a cada dia uma poesia de um autor que eu amo.
Vai ter no blog, como tem dentro de mim: de Zé da Luz e Patativa do Assaré até Fernando Pessoa e William Shakespeare. Sendo que, vale grifar, Zé da Luz vem primeiro.
Pois eu estou mais para baião do que para rock and roll. E estou toda prosa (e verso).
Respeito sua aldeia, respeito qualquer aldeia, mas sou mais nós de lá de casa!
E hoje, respeitável público, tem Zé da Luz!

As 3 flô de Puxinanã (Puxinanã é uma cidade da Paraíba, perto de Campina Grande)

Zé da Luz

Zé foi um alfaiate e poeta paraibano; morreu no Rio de Janeiro, aos 60 anos, em 1964.

Três muié , três irmã

Três cachorra da molesta

Que eu vi num dia de festa

Num lugá Puxinanã

A mais véia, a mais ribusta

Era mesmo uma tentação

Mimosa flor do sertão

Que o povo chamava Augusta.

A do meio, a Guilhermina

Tinha uns ói que ô mardição

Matava qualquer cristão

Os oiá dessa menina

Os ói dela parecia

Duas estrela se tremendo

Se apagando e se acendendo

Em noite de ventania

A terceira era a Maroca

Tinha um corpo muito mar feito

Mas porém tinha nos peito

Dois cuscuz de mandioca

Dois cuscuz que por capricho

Quando ela passou por eu

Minhas venta se acendeu

Com o cheiro vindo dos bicho

Eu inté me trapaiava

Sem saber das 3 irmã

Que eu vi em Puxinanã

Qual era a que me agradava

Iscuiendo a minha cruz

Para sair desse imbaraço

Desejei morrer nos braço

Da dona dos dois cuscuz.


6 comentários:

Aleksandro disse...

Zé da Luz! Gosto muito.
Olhe, também sou dessas terras, desses lugares de lá, dessas sintaxes desobedientes, bonitas que só vendo, que só ouvindo.

Nina Maniçoba Ferraz disse...

Pois é: sintaxe de nordestino... Quando escrevo ficção eu gosto desse tom... Sei lá... Vc é de Itapipoca? Já tinha ouvido falar... adoro o nome dessa cidade. E vendendo prosa em retalho? legal! bj

Aleksandro disse...

Sim! tenho cá comigo itapipoca, como drummond tinha itabira e como você deve ter algum lugar que lhe alumia. É nosso alumbramento, né?, essa memória capaz de “alimentar quinhentos mundos, durante quinhentos anos”, rs, dá-lhe drummond!
Bj

Julia Moreira disse...

Nina
acabei de dar uma fuçada por aqui, que poema maravilhoso, gostoso de ler, que ritmo, apaixonei pelo Zé da Luz!
Sabe que há anos eu tive um blog (que hoje tá parado), e no começo, eu e minha amiga, postávamos poemas de quem a gente gostava, ainda tá tudo lá, nahoradachuva.blogspot.com
O atual é esse aqui: www.farfalhos.com.br
ah, e já que tou trocando links, meu site de fotógrafa é esse: julinhamoreira.com.br
bjs!

Nina Maniçoba Ferraz disse...

Oi! Julia! Adoro Zé da Luz. Quantos blogs! Vou ver tudo. bjs

Dany Gomes disse...

Delícia de poema!