Adoro ler, então resolvi escrever sobre o que se diz do ato de ler. Não aquele discurso correto, mas manjado, tipo conselho paterno ou cobrança de professor. Quis saber das outras falas, dos outros benefícios. Quis enxergar do farol e pela fechadura. E achei umas pérolas.
Ler faz bem ao coração. Você sabia? Pois é, um pesquisador britânico comprovou que ler por 10 minutos diminui os batimentos cardíacos e reduz o estresse. Verdade científica. Se alguém duvida, saiba que os resultados dessa pesquisa podem ser facilmente replicados, e em seu benefício, na sua cama: deite-se confortavelmente sobre um travesseiro volumoso, pegue um bom livro (dê preferência aos meus- risos), ajuste a luz e vá. Se deixe levar e verá o milagre.
Ler, logicamente, faz bem ao cérebro. Mas veja que diferente. Claro, teses já foram escritas sobre a função pedagógica, social e terapêutica da leitura. Também é inegável o papel relevante do nível de letramento na função cognitiva e até na prevenção do Alzheimer. Afinal já dizia Darwin: o que você usa desenvolve e o que você não usa atrofia. Mas afirmar que um determinado livro de ficção pode ajudar efetivamente no tratamento de neuroses parece uma velha novidade: faz todo sentido. Prescrever um determinado livro com o intuito de favorecer a recuperação de eventos como perder o emprego, romper com o namorado ou perder um parente é a proposta da Biblioterapia, que alia psicólogos e bibliotecários em torno das mazelas do sofrimento humano. É que a ficção desvia a atenção e alivia o “eu” da pessoa que se entrega, identificada com a personagem. Assim sendo, textos didáticos, informativos e de auto-ajuda não são considerados biblioterapêuticos, na medida que não permitem essa vivência de tensão irreal, explosão do conflito e catarse. Um alívio para o meu bom senso que já intuía isso há tempos.
Ler até ajuda a ser feliz. E esse é o foco. Da busca pela magreza ao esnobismo intelectual, tudo se resume a tentar ser feliz. E para isso, é preciso primeira e ordinariamente estar presente no momento, no agora. Mas todo mundo já passou por fases em que ficamos sempre em qualquer lugar, menos onde estamos, ou em qualquer outro tempo, exceto no já. Estamos com os filhos pensando que precisamos de mais tempo com o marido, estamos com o marido com culpa porque deveríamos ter dado mais atenção às crianças, estamos no trabalho pensando nas férias e assim por diante . O caso é que fugir do agora é a verdadeira receita para o estresse e para a infelicidade, porque a vida é isso aqui e os problemas só são resolvidos no tic-tac do relógio. Um segundo por vez. A pessoa (que nunca está onde está) costuma estar presa nos seus próprios pensamentos, repetitivos, estéreis. Geralmente critica e racionaliza demais, tudo. “ Ele disse isso, querendo dizer aquilo e fez isso porque...” Não! Não pense demais: para a gente se encontrar é preciso se afastar um pouco, neste caso sair de dentro de nós mesmos. Embarcar no enredo de uma boa história ou num pacote de palavras escolhidas a dedo nos leva para longe. Um bom livro é capaz de nos afastar terapeuticamente e sem efeitos colaterais dos pensamentos que nos atravancam. Isso faz a gente poder voltar com mais energia para nós mesmos, como um elástico tencionado na direção certa. A da felicidade.
Em resumo, meus amigos, ler é quase uma panaceia. Então posso prescrever leitura, uma vez ao dia, ao deitar, certa dos benefícios para pacientes e impacientes. É interessante poder enxergar a literatura como uma bicicleta ergométrica distraindo e oxigenando o cérebro, promovendo um melhor ajuste do nosso foco, nos levando aos trilhos que vão dar a volta por cima. Ou como uma massagem de espírito: ler gostoso na cama ajuda a dormir melhor, relaxar a mente e o corpo e ficar menos ansiosa. Menos propensa a atacar uma caixa de bombons de chocolate. Uma conclusão super in: ler pode lhe deixar magra! Risos Rir também faz um bem danado, mas isso já é outra história.
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