José de Alencar, sobre a literatura:

"Palavra que inventa a multidão, inovação que adota o uso, caprichos que surgem no espírito do idiota inspirado".
Benção Paterna, 1872 - tem coisas que não mudam.




domingo, 21 de outubro de 2012

Boi sem Asas


Boi sem asascontos – Editora Dobra, novembro de 2012, 13x18, brochura, $25, vai ser lançado em 23/11/12, 18:30 `as 21:30h, na Livraria da Vila, do Shopping JK Iguatemi, São Paulo.

Release:
A pernambucana Nina Maniçoba Ferraz escreve histórias ambientadas no nordeste brasileiro, não retratando clichês e estereótipos, mas buscando o drama humano e universal, que não reconhece fronteiras. Almejando precursores como Graciliano, Guimarães e Jorge Amado, suas histórias reúnem precisão, concisão e densidade, e são baseadas na vida “real”, mas é a fabulação que as aproxima do que se pode chamar “vida”.




quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Boi sem asas, Editora Dobra, 2012, para meus pais


Vou lançar outro livro, mãinha! Repare, painho, se eu não estou "virada num molho de coentro" kkkk (adoro esse negócio bom e sem sentido que o povo diz: "virada num mói de cuento"...) vá entender!

Esses aí a seguir, são escritores maravilhosos, críticos literários excelentes, pessoas de quilate e generosidade raros. Amém. Obrigada. "A honra pode ser imerecida, mas a alegria nunca o é", verdade. Olha a responsabilidade! Mas eu estou é roxa de achar bom! Obrigada, mestres queridos. 

Com ‘Boi sem asas’, Nina Maniçoba Ferraz nos oferece doze narrativas em um texto ágil, fluente, repleto de sugestões e imagens poéticas. Suas histórias persuadem pelo tom espontâneo, por ela ser capaz de narrar como se as contasse em voz alta. Ser uma estudiosa de literatura não lhe prejudica a espontaneidade, o tom no qual transparece um entusiasmo juvenil pelo prazer de escrever. Ela corre com os pés no chão; mas isso não impede sua imaginação de voar.
Cláudio Willer - doutor em literatura pela USP-SP, tradutor, ensaísta, crítico e poeta, expoente da Geração Beat no Brasil
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Só entrar nas asas de seu boi e já fiquei cativa... Um conto (conto?) assim tão pequeno, e no entanto, voa pelo livro inteiro...
Maria Rosa Duarte de Oliveira - Professora Doutora e Titular em Teoria Literária e Literatura Brasileira, PUC-SP
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A mitologia está em Zeus, no alto do Olimpo, mas também está em Tonha e em Imaculada, na padaria e no sertão. Nina Maniçoba Ferraz explora, a partir de dentro, essa mitologia do mínimo, atingindo com isso, uma linguagem simultaneamente brasileira e particular.
Noemi Jaffe - doutora em literatura pela USP, escritora e crítica literária
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Entre a Mancha de Quixote e o sertão de Rosa, o corte seco e
fundo das narrativas quase cabralinas de Nina Maniçoba Ferraz,
revelando o avesso de personagens reais, tocados pela fábula...
Reynaldo Damazio - Escritor, editor, professor, ensaísta e crítico de literatura 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O medo de pensar e existir

Penso, logo existo. Ou: existo, logo penso. Falar pode ser tão real quanto saltar da ponte. E não falar, também.

Palavras são palavras, mas a palavra no papel (ou na tela) parece o próprio pensamento materializado. Demoro muito a escrever, escrevo pouco. Penso tanto que, às vezes, beiro o não existir. Aí travo.

E penso: de que vale pensar por conta própria se você não assume o risco? Você tem todo direito de errar. 

E aí penso mais um pouco. E salto.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pensando sobre Rolland Barthes: a morte do autor

O que Mallarmé, Proust, Brecht e Barthes tem em comum?

A escrita surrealista descendente da poética de Mallarmé contribuiu para dessacralizar a figura do autor, através da proposição da destruição do sentido, da revolução da lógica, da subversão da sintaxe ou ainda, e principalmente, da construção automática e/ou coletiva do texto.

Brecht,  também participa desse movimento de apagamento do autor, através do seu conceito de "gestus" e seu objetivo de deixar a sua escritura ter o seu significado necessariamente completado pelo ator/performer e pelo público.

Segundo Barthes, quando Proust, em "Em busca do tempo perdido", nos oferece uma narrativa `as avessas de um livro que ainda vai ser escrito, ele nos instiga a pensar que Charlus não é uma personagem inspirada em Montesquieu, e sim que Montesquieu é um fragmento secundário derivado de Charlus; que a vida imita a arte. Proust não faz a sua obra da sua vida, mas faz da própria vida uma obra.

Barthes em seu texto "A morte do autor", afirma que o autor não nos entrega a sua confidência num livro. Claro! Eu sinto que o autor escreve sobre seus monstros, mas, sem dúvida, pensar que o que está na página é apenas um recado pessoal do autor ou um fragmento da sua realidade, certamente diminui seu valor.

Eu já escrevi sobre princesas, homossexuais, heróis e loucos... acho que escrever só é possível para quem sente, mas sentir não é ter visto ou vivido.

Sem dúvida, a obra de Proust (como também a de Caio Fernando Abreu, por exemplo) é permeada de sua homossexualidade; a obra de Van Gogh é permeada de sua loucura; as obras de Borges e Guimarães são povoadas pelas pessoas e cenários da vida de seus autores; a obra de Kafka é contaminada pela figura paterna opressiva. Mas a literatura vai muito muito mais além.

Quando a gente resume um texto, tira dele a sua literatura, pois o literário some onde há pressa por entendimento. Quando nós analisamos um viés de compreensão de um texto parece que estamos tirando dele sua ambiguidade e literariedade. Mas para quem gosta de estudar uma obra literária são imperdoáveis o excesso de certezas, a falta de humildade e a falta de múltipla perspectiva.

Mas e o escritor/ autor? Como escritora, sempre fico dentro de mim, numa vã filosofia, buscando os tanques e as borboletas que movem a minha suposta literatura.