José de Alencar, sobre a literatura:

"Palavra que inventa a multidão, inovação que adota o uso, caprichos que surgem no espírito do idiota inspirado".
Benção Paterna, 1872 - tem coisas que não mudam.




domingo, 1 de maio de 2011

Fernando Pessoa visita nossa casa

Meu Jesus! Essa poesia é de lascar o cano! Fala da busca por si mesmo e dos seus descaminhos. Eu amo!!! Como meu filho é meu seguidor e esse é um blog amigo (kkk), incluo o significado das palavras menos comuns.


Eros e Psiquê ------------- *(conto a história deles no próximo post)
de Fernando Pessoa
Poeta português,
Morreu em Lisboa, aos 47 anos, em 1935.


Conta a lenda que dormia
Uma princesa encantada
A quem só despertaria
Um infante* que viria ----------------------------- *(infante= jovem)
De além do muro da estrada

Ele tinha que tentado
Vencer o mal e o bem
Para que enfim já libertado
Deixasse o caminho errado
Pelo que `a princesa vem

A princesa adormecida
Se espera, dormindo espera
Sonha em morte a sua vida
E orna-lhe a fronte esquecida* ---------------*(fronte= testa, esquecida= nesse caso, inconsciente)
Verde, uma grinalda de hera* -----------------------*(hera= planta trepadeira)

E longe, o infante esforçado
Sem saber que intuito tem
Rompe o caminho fadado
Ele, dela ignorado
Ela, para ele, ninguém

Mas cada um cumpre um destino
Ela dormindo encantada
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada a fora
E falso ele vem seguro
E vencendo estrada e muro
Chega onde em sono ela mora

Inda tonto do que houvera
`A cabeça em maresia
Ergue a mão e encontra hera
E vê que ele mesmo era
A princesa que dormia.

2 comentários:

Marcelle disse...

Eita!!! Adoro essa poesia!!
Parabéns pelo blog... venho sempre aqui.
Beijo grande!!

Nina Maniçoba Ferraz disse...

Pessoa é sempre agudo e surpreendente. Queria escrever assim, ai! Obrigada, Marcelle. Bjs