sexta-feira, 22 de julho de 2011
O Mar Egeu
sábado, 9 de julho de 2011
Mulheres e a Feira Literária Internacional de Paraty (FLIP)
De Nina Ferraz para o Garapa Paulista - 09/07/11 - As Mulheres e a FLIP
A programação principal da Flip 2011 tem 28 escritores e 5 escritoras. Essa desproporção evidencia que ainda tem muita coisa atrapalhando a marcha intelectual das mulheres, não somente as pedras irregulares do calçamento das ruas de Paraty. Principalmente para quem é pega de salto alto.
Mas o leitor pode ficar tranquilo: esse texto não é nem papo de feminista, nem de mulher que faz biquinho e reclama que sua beleza atrapalha, nem lista de argumentos para a instituição de uma política de cotas para mulheres nas discussões sobre literatura. Pelo contrário, essa reflexão assume sua importância se a gente sabe que é assim na Flip porque é assim no mundo.
Mas qual a opinião dos escritores sobre essa questão? Elegi alguns pontos de vista nas mesas oficiais, eventos paralelos e coletivas de imprensa.
Antonio Candido, na abertura da Flip, afirmou que a imagem de bom vivant de riso fácil e temperamento difícil atrapalhou a compreensão da obra de Oswald de Andrade no seu tempo. Isso nos remete`a concepção medieval do riso e `a obra de Aristóteles, claro, mas serve para mostrar a complexidade do tema comportamento também na contemporaneidade. A imagem da pessoa interfere sim na recepção da sua obra.
Pola Oloixarac disse, em coletiva `a imprensa, que resolveu acentuar sua imagem feminina quando percebeu que, não importa o que faça, o fato de ser mulher gera por si só um ruído que afasta a imprensa e `as vezes os próprios leitores da obra. Quando uma mulher está em foco, a discussão muitas vezes se perde em questões menores. Concordo.
João Ubaldo Ribeiro, perguntado diretamente sobre se a imagem feminina acaba por distrair a crítica, surpreendeu dizendo que não. Discordo. Adoro o Ubaldo, então fiquei sem palavras.
Anna Verônica Mautner, em conversa na Casa da Folha, disse que a questão de gênero hoje parece menos importante que a própria questão da imitação e assimilação dos códigos da tribo. Assim, para o indivíduo ser aceito e participar efetivamente de um grupo, imitar o comportamento da maioria é a chave mestra. Mas como o sexo é o fator mais importante que determina o comportamento do adulto humano, numa proporção de 28 a 5 (na Flip ou fora dela), parecer com a maioria não é tarefa fácil.
Eu fico com Contardo Caligaris que ousou dizer que nos nossos tempos de igualdade, não há tanta igualdade assim. E que as mulheres ainda estão longe de ser camaradas dos homens, no sentido de respeito mútuo `as semelhancas e diferenças. E ele foi mais longe: “o homem é um bicho frágil, e, como todo bicho frágil, reage com medo e agressividade”. Nesse “homem”, incluo homens e mulheres. Imprensa e escritores.
Espero que um dia, no campo das ideias, os homens deixem de reagir `a devoração antropofágica das mulheres e que as mulheres aprendam que a verdadeira mulher não precisa fazer biquinho e sim abrir mesmo uma boca incisiva de fera-camarada.
domingo, 3 de julho de 2011
Um mosquito na rede - autobiografia
Tudo revolve. Em círculos.
Revólver apontado com amor
Na cara.
Estou pronta:
Base
Sombra
Tiro vermelho
Na boca. Pahhhh!
Falso diamante
Engastado no pó.
Ponta de lápis preto
Gasto no Moleskine.
Risco de navalha coagulado
Dark.
Sigo na madrugada
Nada.
Tudo
Brilhando na tela do olho
Computador
Insônia.
Vou sem amanhecer
Penetrando na tela
No mosquiteiro
Chupando meu sangue
Voando baixo
Zunindo alto
Um aplauso plaft!
Insignificante!
Morra!
Viva!