José de Alencar, sobre a literatura:

"Palavra que inventa a multidão, inovação que adota o uso, caprichos que surgem no espírito do idiota inspirado".
Benção Paterna, 1872 - tem coisas que não mudam.




terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sobre o livro "Brevida" - As mulheres que queriam ser Juliana Amato.



Eu queria ser Juliana Amato. Ela ganhou o concurso “Só escritoras” da Editora Edith, passando pelo crivo fino de Marcelino Freire, Vanderley Mendonça, Ivana Arruda Leite e outros. E teve seu livro lançado na Balada Literária, em 2011. Ai! Benza Deus! Parece conto de fadas em que a princesa ganha um sapatinho de cristal para arrasar no baile. Enfim, cada um sabe qual é sua disneylândia.

Mas vamos ao livro. Li "Brevida" da noite para o dia. Literalmente. É um livro pequeno: 65 páginas, duas vidas e mais quatro personagens. Conta a história de Crianço / Serumano de Deus, um rapaz pobre, com 28 anos e síndrome de Down, em sua saga para realizar o sonho de ser porteiro. E de Mamãe-biscate / Solange Abrantes Souza Nagib, uma socialite adúltera que adora drenagem linfática e diz ter sonhos, mas segue na história sem projeto pessoal, o que quer que isso signifique, como cabe à sua personagem.

Essas duas criaturas têm como principal característica a lubricidade e rabiscam suas vidas entre as demais almas do livro: de um lado, a mãe de Crianço e uma assistente social, e do outro, a filha e o marido de Solange, espécie de anti-heroína-perua-protagonista. Pronto. Um pouco de crueza, um muito de sexo e um tanto de tragédia social e temos a teia que sustenta a narrativa.

Nem novela nem fábula surrealista, o livro é recheado de situações bizarras, mas o narrador não se perde e os diálogos são firmes e fiéis ao argumento. O livro faz o principal: intriga, com certeza, o leitor atento.

Todo escritor quer prender o leitor, impressionar. Pena que Juliana vai pelo caminho mais fácil, a banalização e simplificação do grotesco. E a trama até parece ter um impossível final feliz, mas a simplicidade também é uma ilusão: a ideia não é responder, é perguntar, incomodar. Mas, resumindo o babado, acho mesmo que o sapatinho cabe no pé dela.



Nina Ferraz

2 comentários:

Anônimo disse...

Achei que a crítica ficou clara e interessante. Mostra bem a sua opinião sobre o livro. Beijo Lidia

Nina Maniçoba Ferraz disse...

eeeehhhh, Lidia!!!!! Que bom! Obrigada pelo comentário! bjs